Em Igarapé, festival valoriza a gastronomia mineira e a memória afetiva

*Fotos: Isabela Lapa/Coisas de Mineiro

Quando a gente pensa em evento gastronômico, o que passa pela nossa cabeça são pratos com ingredientes caros, desenvolvidos por Chefs renomados, que são sócios de grandes restaurantes. Mas não é isso o que acontece em Igarapé, no Igarapé Sabor.

O evento, que esse ano chegou na sua 3ª edição e aconteceu entre os dias 11 a 14 de julho, tem como diferencial o resgate da memória afetiva e da comida com ingredientes do quintal, que carinhosamente chamamos de comida de vó. O que encontramos por lá são pratos fartos preparados pelas MESTRAS da cidade, que são mulheres fortes, que entendem muito de cozinha mineira e que tiraram o sustento das famílias a partir do dom de cozinhar.

Elas não possuem títulos de faculdades de gastronomia ou cursos internacionais, mas elas sabem que comida bem feita é comida que alimenta o corpo e a alma, e reúne uma família inteira ao redor da mesa.

E essa comida é acessível a todos, afinal, é possível cultivá-la no quintal: carne de porco, galinha, mandioca, milho e as famosas plantas alimentícias não convencionais como ora-pro-nóbis, taioba e muitas outras.

Mas esse ano, o Urucum, que encanta pelo tom vermelho intenso e que reina na cozinha mineira, em razão do sabor discreto e da cor que dá vida ao pratos, foi o ingrediente escolhido para reinar entre os pratos do festival.

A convite da Mineradora Morro do Ipê, que atua na região e apoia o desenvolvimento local e também esse evento, eu tive a chance de passar o final de semana aproveitando essa festa linda e fazendo uma cobertura lá no Instagram.

Posso dizer, sem medo de errar, que há muito tempo eu não ia a um evento tão alegre e tão bem estruturado. Foi surpreendente em todos os sentidos. Nas barracas, famílias trabalhando juntas, Mestras se emocionando com o carinho do público e muita gente em dúvida do que escolher entre tantas opções repletas de sabor.

Mestra Lilia da Quita em uma aula show

A verdade é que comida boa não mente e comida mineira tem um poder único: ela cativa por ser tão simples e ao mesmo tempo tão saborosa.

A Mestra Ilda Maria preparou uma Carne Suína com Fafofa Colorida acompanhada de Banana e a Mestra Maria Aparecida fez uma Pamonha aberta com Carne de Panela. A Mestra Lilia da Quita, por sua vez, preparou uma Coxinha de Mandioca com Carne Seca e Queijo, e garantiu que para a crocância ficar no ponto certo, o ideal é acrescentar na massa um caldo de galinha caipira e manteiga.

A Mestra Maria Ubalda fez uma Costelinha ao Molho de Goiabada com Farofa de Alho Poró e Amendoim, destacando que para tirar a acidez do molho de goiaba basta acrescentar gengibre. A Mestra Nadir preparou um Lombo ao Molho de Mexerica com Tutu e Farofa de Umbigo de Banana, mas salientou que a mexerica tem que ser espremida manualmente para não ficar amarga. 

Não tem erro, as técnicas vem da prática diária e dos testes infinitos. A certeza do ponto certo vem da satisfação das pessoas assim que experimentam, afinal, o brilho dos olhos não nega a felicidade.

Como não é só de prato principal que se faz a cozinha mineira, no evento também tem um setor destinado para Quitandas e Quitutes. Lá você encontra Biscoito Papa Ovo, Rosca Mineira, Biscoito de Polvilho Frito, Broinha de Queijo com Goiabada, o clássico Pão de Queijo e muito mais.

Ao todo são 20 mestras e 6 quitandeiras, além de aulas show com chefs convidados e muita música. A produção do evento está tão completa que esse ano, até uma cerveja exclusiva foi preparada.

A Kabruka Cerveja, uma cervejaria artesanal local, desenvolveu uma cerveja com Mel e Urucum, que ficou leve e com uma coloração linda. Deu para ver que ela conquistou o paladar do público, porque as vendas não paravam. Eu, por exemplo, trouxe várias para casa, porque não dá para brincar com “edição limitada”.

Se você ainda não conhece esse evento, recomendo que acompanhe a página do Igarapé Sabor no instagram e fique por dentro das novidades. Ano que vem tem mais e eu tenho certeza que será inesquecível. 

É muito importante valorizar projetos como esse, que resgatam o que Minas tem de melhor: a alegria e a simplicidade. 

Ah, fique ligado que antes do evento eu fiz uma passeio de 3 dias em Igarapé e lá tem muita coisa interessante a ser descoberta. Em breve vou compartilhar detalhes com vocês. 

Beijos, Isabela.

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