Nosso roteiro pelos Lençóis Maranhenses

Os Lençóis Maranhenses estavam na nossa lista de destinos para conhecer há tempos. O curioso é que, ao mesmo tempo que a viagem foi programada com antecedência, foi uma das viagens que menos planejamos. Acabamos escolhendo as pousadas em cima da hora, olhando os passeios rapidamente e praticamente fizemos as malas e embarcamos.

A principal porta de entrada para os Lençóis é por São Luís, capital do Maranhão. Chegamos no aeroporto e logo sentimos o calor da cidade (mais de 10º C em relação a quando saímos de BH). Esperamos um pouco para pegar o transfer e começamos nossa aventura.

Existem três opções de lugares para se ficar: Barreirinhas, Atins e Santo Amaro do Maranhão. Cada lugar possui características próprias e agradam diferentes tipos de turistas. Em comum, todos utilizam a Rodovia MA-402, que em junho de 2022 estava marcada por buracos e crateras, fazendo com que uma rota de cerca de 250 Km fosse realizada em 4 horas.

Como queríamos ver o máximo que poderíamos, nosso roteiro incluiu os três lugares.

Barreirinhas

Nossa primeira parada foi em Barreirinhas. Ficamos no Porto Preguiças Resort, um hotel a beira rio, mas afastado do centro da cidade. A estrutura do hotel possibilita que o hóspede fique apenas ali, com restaurante e bar à beira da piscina. Mas há serviço de táxi para aqueles que querem conhecer o centrinho.

O Porto Preguiças possui uma piscina para crianças, outra com areia no fundo e uma terceira com água do rio Preguiça. O café da manhã possui bastante opções (o mais completo em nossa ida aos Lençóis), com frutas, pães, frios, opções sem lactose, além de ovos, omeletes, tapiocas e panquecas que podem ser solicitados.

O centrinho de Barreirinhas fica a beira rio, com restaurantes, lanchonete, barzinhos e lojinhas. É uma cidade simples, mas com opção para todos os gostos e bolsos.

Como era nossa primeira parada, queríamos conhecer os sabores locais, sendo que pedimos o Sinfonia do Mar no O Canoa, onde pudemos comer uma variada e saborosa amostra dos frutos do mar do Maranhão, além de experimentar dois tipos de arroz com sabores muito locais: o arroz cremoso com abacaxi (meu preferido) e o arroz cuxá (preferido da Isabela). Me surpreendeu o camarão pitú, com um gostinho diferente do camarão tradicional.

No O Bambu, arrisquei um peixe com molho Jussara (açaí) com nhoque de banana. Já a Isabela escolheu o chiclete de camarão. Por sugestão da atendente, pegamos também uma bananinha frita. Recomendamos tudo!

E não deixem de provar o sorvete Bolinha, um pouco mais afastado da beira do rio, mas que compensa com sabores locais como o castanha, buriti, bacuri além de outros tantos.

Um pôr do sol nos Lençóis

Atins

Nossa próxima parada foi Atins. Ah, Atins!

Atins é uma vila, com ruas de areia e aquela calma própria de um lugar quase isolado no mundo. Não há estradas, apenas o rio e as dunas. Às vezes, não há nem rua, já que a chuva forma poças, que fazem do caminho uma aventura, forçando rotas alternativas que dificilmente vão deixar seus pés secos. Mas não tem problemas, já que o calçado oficial sãos os chinelos. Atins, apesar disso, foi o meu lugar nos Lençóis.

Ficamos no Muita Paz, a primeira pousada logo na entrada pelo porto do local. O local possui quartos, chalés e algumas casas próximas, um atendimento muito gentil e com muitas dicas sobre o local, passeios e lugares para comer. Conversando com outros turistas, que estavam meio perdidos no que fazer por ali, percebemos como ter essas informações tornaram nossa experiência muito melhor e agradável. Ah, também possui água da casa (algo que prezo demais!) e coisinhas feitas por ali mesmo no café da manhã.

Água cristalina e quente

Em Atins há muitas opções para se comer bem. Se come tão bem que é até difícil de escolher.

O Pininga aposta em um menu que muda diariamente, conforme disponibilidade de ingredientes, focando em sabores locais e atendimento somente com reserva. A iluminação à luz de vela atrapalha um pouco na contemplação do prato, mas os sabores e aromas entregam todo o potencial que se espera de um prato bem executado.

No Relva há um ambiente que chama a atenção, drinques e pratos com combinações e temperos que chamaram nossa atenção. Me chamou a atenção o vinagrete de banana, que caiu muito bem com meu peixe. Já Isabela optou pelo salmão com purê de abóbora, que estava divino.

Digno de um relato a parte, chegar no Le Ferme de Georges, restaurante da pousada de mesmo nome, foi uma aventura. Pegamos um quadritáxi como Tuca que, conhecedor do local, foi nos levando por caminhos que desviava das poças mais profundas. Em tempos de seca, o caminho não é mais do que 1 km, mas com as poças cheias, o quadriciclo com Isabela e eu acomodados de cada lado da traseira passou da vilinha para a praia, de repente entrou na área do parque, passou por dentro de rios, subiu uma duna com o aviso de “Vocês gostam de emoção? Segurem-se!”. Mesmo estando no veículo motorizado, chegamos lá com os pés (mãos e outras parte do corpo) molhados.

Fomos direto para o prato principal e valeu a pena. Optei pelo Meu Ébano, uma combinação de camarão e panceta de porco, com arroz negro. Já Isabela escolheu o Ai que saudade D’ocê, um filet acompanhado com aligot de mandioca, brócolis e flocos de bacon. Só posso dizer que a aventura para chegar (e ir embora) foi devidamente recompensada.

Faltou tempo para comer em todos os lugares que queríamos, ficando para trás a Casa de Juja e o famoso arroz cremoso da Sesé.

Santo Amaro

Encerramos nosso passeio em Santo Amaro. Uma cidade com ar pacato de interior e que talvez ofereça menos opções de hospedagem e restaurante. Mas nem por isso deixamos de gostar e nos surpreender com o lugar.

Ficamos no Ciamat Camp, com chalés e quartos na margem do “lado de lá” do rio Alegre, o que dificulta a ida para a cidade. O local possui restaurante e bar com algumas opções de petiscos e drinques. Durante o dia há a opção de chamar o barquinho, que cobrou R$ 3,00 por pessoa, ou atravessar o rio quase a pé já que há apenas um pequeno trecho mais fundo que exige algumas braçadas a nado.

Ali vimos a cidade toda preparada para o São João, com apresentações e barraquinhas.

O destaque foi o Picolé Artesanal, uma sorveteria local que produz apenas alguns poucos sabores, todos deliciosos. Recomendo demais o de castanha, buriti e o de tapioca!

São milhares de lagoas no período das cheias.

Os Lençóis

Gente, os Lençóis são lindos! Ali há o melhor dos mundos: água doce, quente e cristalina, cercada de areia. Cada passeio revela uma lagoa diferente, com formas e conjunto diferentes, mas todas sempre tiravam suspiros de exaltação à beleza única do lugar. Uma curiosidade é que a areia não é quente, sendo possível fazer tranquilamente a descalço, já que o vento constante rola a areia constantemente, evitando que ela aqueça.

Farei aqui uma lista do que consideramos imperdível, aquilo que minimamente deve conter no seu roteiro. Mas com certeza também colocaria as Lagoas Azul, das Andorinhas, da América… Todas são lindas!

Vista do sobrevoo de avião.

Em Barreirinhas, o passeio preferido da Isabela, a Lagoa Bonita. Após mais de 1 hora em cima da jardineira, passando por estradas de areia, poças d’água e rios, chega-se a uma escadaria que pode assustar alguns. Ao chegar lá em cima, uma cena única: o verde de um lado, as dunas e lagoas do outro. Ao entardecer, o sol que se põe atrás das dunas, um espetáculo de cores refletidas nas águas cristalinas.

Em Santo Amaro, o meu passeio preferido, a Lagoa das Emendadas. Ali, o trajeto é menos penoso, já que a entrada para o parque é colado na cidade. O carro para em um determinado lugar e o restante do trajeto é feito a pé, cerca de 2,5 km desbravados pelas areias, com direito a paradas para banhos. Próximo do por do sol todo mundo se dirige para o topo de uma duna para comtemplar o espetáculo. Na minha opinião, isso é que torna o roteiro único: a volta, à noite, com o céu estrelado, até o ponto onde a condução espera. São 2,5 km à luz das estrelas (e da lua se ela não teimar em se esconder).

Em Atins, gostamos muito do passeio para o Canto de Atins, o que inclui em algumas poucas épocas do ano, a formação de uma cachoeira no meio das areias da praia, já bem perto do mar.

E por último, recomendamos o sobrevoo pelos Lençóis. Uma perspectiva única, possibilitando vislumbrar a imensidão das milhares de lagoas encravadas em dunas. Uma cena espetacular.

Como visitar os Lençóis

A contratação de uma agência de turismo é obrigatório, já que apenas veículos credenciados são autorizados a entrar no parque nacional.

Fechamos todo o nosso pacote com a Levada Turismo, e fomos atendidos pelos parceiros Atins Beach em Atins, e Atlântica Receptivo em Santo Amaro.

Em cada lagoa uma cor diferente.

Deixe uma resposta

Rolar para cima